Como
Cristo Considerou o Sábado:
Toca
às raias do absurdo a vesguice dialética dos que tentam demolir o dia de Deus,
relegá-lo ao desprezo e evitá-lo de toda forma, principalmente os que acham
que Cristo considerou desrespeitosamente o Sábado. Citam Marcos 2:27, que reza:
"O sábado foi feito por causa do homem e não o homem por causa do sábado",
e pontificando com ares doutorais declaram: "Isto quer dizer que o sábado
ou dia de descanso, deve servir ao homem e não o homem estar sujeito a
ele." Aí está uma pueridade de causar pena.
Vejamos
o que o Mestre quer dizer com estas palavras: Há aí duas proposições: uma do
sábado servir ao homem; outra, do homem sujeitar-se ao sábado. Considerando a
primeira. É de clareza meridiana:
1.ª
- O sábado foi instituído e oferecido ao homem como algo
muito precioso, como um bem, um favor divino. Figueiredo traduz: "O
sábado foi feito em contemplação ao homem." O sentido evidente é que o
sábado foi instituído para o bem-estar físico, moral e espiritual das
criaturas humanas. O sábado é assim uma instituição a favor
do homem, em seu benefício, uma benção grandiosa. Só uma perversa distorção
do texto poderia levar à conclusão de que o sábado deva ser considerado contrário
ao homem. Portanto, a dedução dos que são contra o sábado é infeliz, errônea
e contrária ao sentido bíblico.
2.ª
- A segunda proposição contida no texto diz: "e não o homem por causa do
sábado". Simples demais para ser entendida. Deus não criou o homem
porque Ele tivesse um sábado a ser guardado por alguém. Ao contrário,
criara primeiro o homem, e depois o sábado para atender-lhe às necessidades de
repouso e recreação espiritual. Assim o sábado lhe seria uma benção e não
uma carga. O farisaísmo dos dia de Cristo obscurecera o verdadeiro caráter do
sábado. Os rabinos o acumularam de exigências extravagantes que o tornaram um
fardo quase insuportável. A atitude de Cristo para com o sábado foi a de
purificá-lo, limpá-lo desses acréscimos, devolvendo-o à real pureza. A
atitude de Cristo para com o Seu santo dia foi de reverência e não de
desprezo.
E
de passagem cabe aqui uma observação: o sábado foi feito por causa do homem,
e isto não pode ser verdade em relação ao domingo, porque no primeiro dia da
semana o homem ainda não fora criado!
Citam
em seguida Mateus 12:8: "O Filho do homem até do sábado é Senhor".
E concluem desastradamente que Cristo é Senhor do sábado para mudá-lo, alterá-lo,
suprimi-lo, enfim. Incrível! Diríamos de início que, sendo o sábado um
mandamento da Lei de Deus, se Cristo o transgredisse de qualquer maneira Se
tornaria um pecador, e nessa condição não poderia ser o nosso Salvador! No
entanto, Cristo permaneceu em completa adoração e obediência ao Deus Pai.
Teve uma vida humana impecável, um caráter irrepreensível. (Filipenses 2:5 a
11). E Ele mesmo declara:
"Porque
eu não falei por Mim mesmo; mas o Pai, que Me enviou, Esse Me deu mandamento
quanto ao que dizer e como falar. E sei que o Seu mandamento é vida eterna.
Aquilo, pois, que Eu falo, falo-o exatamente como o Pai Me ordenou." (João
12:49 e 50)
"Como
o Pai Me amou, assim também Eu vos amei; permanecei no Meu amor. Se
guardardes os Meus mandamentos, permanecereis no Meu amor; do mesmo modo que
Eu tenho guardado os mandamentos de Meu Pai, e permaneço no Seu
amor." (João 15: 9 e 10)
"Tenho-vos
dito estas coisas, para que em Mim tenhais paz. No mundo tereis tribulações;
mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo." (João 16:33)
Jesus
declarou-Se Senhor do sábado! Solene e importantíssima declaração! Frise-se
bem que Ele é Senhor do sábado e não do domingo, embora a cristandade
semi-apostatada averbe este dia como "dia do Senhor". Cristo porém
reafirmou Sua soberania sobre o sábado. É o Autor do sétimo dia, consagrado
ao repouso e, nessa qualidade, sabe o que lícito ou não fazer nele. Os
fariseus que censuraram os discípulos por apanharem espigas, foram além dos
reclamos divinos, "além do que está escrito".
Punham
restrições descabidas à guarda do sábado. E Jesus para mostrar-lhes Sua
autoridade, apresenta-Se como Autor do sábado. Nada há de derrogatório na
declaração do Mestre. Ao contrário, reafirma o valor e a vigência do sábado,
livre, no entanto das aderências talmúdicas.Broadus, renomado
comentarista, tratando deste texto, assim conclui: "Mas o sábado permanece
ainda, pois que existia antes de Israel, e era desde a criação um dia
designado por Deus para ser santificado (Gênesis 2:3)..." 1
Cristo
não foi contra o dia, mas contra a maneira errônea e
extremista de guardá-lo.
A.
H. Strong,
grande teólogo, diz: "Nem nosso Senhor ou os apóstolos ab-rogaram o sábado
do decálogo. A nossa dispensação abole as prescrições mosaicas quanto
à forma de guarda o sábado mas ao mesmo tempo declara sua observância
de origem divina e como sendo uma necessidade da natureza humana... Cristo não
cravou na cruz qualquer mandamento do decálogo... Jesus não se defende da
acusação de quebrar o sábado, declarando que este foi abolido, mas estabelece
o verdadeiro caráter do sábado em atender uma necessidade humana
fundamental..." 2
Ryle,
erutido comentarista evangélico, tratando do texto diz: "Não devemos
deixar-nos arrastar pela opinião comum de que o sábado é
mera instituição judaica, que foi abolido ao anulado por Cristo. Não há uma
só passagem das Escrituras que isso prove. Todos os casos em que o Senhor Se
refere ao sábado, fala contra as opiniões errôneas que os fariseus propagaram
a respeito de sua observância. Cristo depurou o quarto mandamento da
superfluidade profana dos judeus... O Salvador que despojou o sábado das tradições
judaicas e que tantas vezes esclareceu o seu sentido, não pode ser inimigo do
quarto mandamento. Pelo contrário Ele engrandeceu e o exaltou." 3
Reuniões no Sábado Mencionadas no Novo Testamento
Perpetuidade
Temporária?!?
Surge
sempre a cediça afirmação de que o sábado não é "perpétuo",
porque em Êxodo. 12:14; 30:21 e Levítico 23:21 o adjetivo "perpétuo"
também é aplicado à "páscoa", "lavagem de mãos", e
"festas judaicas", e estas coisas cessaram de existir. Aqueles que
declaram tal absurdo, precisam saber que o adjetivo hebraico olam,
traduzido por "perpétuo" nos textos em tela e por "para
sempre" em outros lugares, tem o seu sentido condicionado à
natureza daquilo que se aplica. Sendo assim, as festas cerimoniais
teriam duração até ao tempo em que seriam necessárias.
Jonas,
ao descrever as peripécias pelas quais havia passado no interior do peixe, diz:
"... os ferrolhos da Terra correram-se sobre mim para sempre
[olam]", Jonas 2:6. Esse "para sempre"
durou apenas três dias e três noites. Foi uma duração curtíssima, não
acham?
No
entanto, quando o mesmo adjetivo está junto de palavras que, pela natureza, têm
duração ilimitada, significa realmente "duração sem fim". Junto de
"Deus", "vida", "amor", etc., indica perpetuidade.
O "argumento" nada prova contra a permanência sabática,
pois, segundo a Bíblia, o sábado será observado na Nova
Terra pelos remidos:
"Pois,
como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, durarão
diante de mim, diz o Senhor, assim durará a vossa posteridade
e o vosso nome. E acontecerá que desde uma lua nova até a outra, e
desde um sábado até o outro, virá toda a carne a adorar perante
mim, diz o Senhor." (Isaías 66:22 e 23)
Blasfêmia
O
cúmulo do contra-senso é afirmar que o sábado não santifica o homem, e os
que observam decaem na vida espiritual. Mas a Palavra de Deus desmente
frontalmente tal afirmação, declarando que o sábado é um sinal de santificação.
Notemos:
Estranham alguns que afirmamos que os "santos do Altíssimo" são
os milhares que pereceram na Idade Média, porquanto guardaram eles o domingo.
Respondemos: Sim, eram santos do Altíssimo. Foram
sinceros dentro da luz que tinham. A verdade do sábado foi restaurada séculos
depois que eles viveram... E hoje que esta luz está sendo
irradiada a todo o mundo, quem deliberadamente se insurge contra ela estará
debaixo do juízo de Deus!!!
"A
Igreja mudou a observância do Sábado para o domingo pelo direito divino e a
autoridade infalível concedida a ela pelo seu fundador, Jesus Cristo. O
protestante, propondo a Bíblia como seu único guia de fé, não tem razão
para observar o domingo. Nesta questão, os Adventistas do Sétimo Dia são os
únicos protestantes coerentes." - Boletim Católico Universal,
pág. 4, de 14 de agosto de 1942.
A. B. Christianini, Subtilezas
do Erro, 2.ª ed., 1981, pág. 184.