Asteróide quase leva a falso alerta mundial

Astrônomos revelaram que no início do ano quase divulgaram um alerta mundial para um potencial impacto de um asteróide contra a Terra. No dia 13 de janeiro, alguns cientistas acharam que um objeto de 30 metros, mais tarde chamado de 2004 AS1, tinha uma em quatro chances de atingir o planeta dentro de 36 horas.

O impacto poderia ter causado devastação local e os pesquisadores cogitaram até a hipótese de ligar para o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, antes que novas informações mostrassem que não havia perigo.

Os procedimentos para o levantamento do alerta em tais circunstâncias estão sendo revistos. Na ocasião, a equipe do presidente estava preparando o discurso dado na sede da agência espacial americana, a Nasa, sobre o projeto de enviar uma missão à Lua e a Marte. Entretanto, se tivesse recebido o alerta, o discurso do presidente teria começado com o alerta de que o planeta seria atingido por um asteróide.

Local indeterminado
O local exato do choque não foi determinado, sabia-se apenas que seria em algum lugar no hemisfério norte. Durante o discurso de Bush, os especialistas estariam usando sinais de radar para descobrir a trajetória do asteróide.

Com cerca de 30 metros de largura, o asteróide não causaria impacto semelhante ao que extinguiu os dinossauros e nem representaria uma ameaça à nossa espécie, mas poderia causar um dano considerável depois de explodir na atmosfera.

Potencialmente as perdas de vidas poderiam ser maiores do que as causadas pelos ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. Em um relatório apresentado nesta semana na Conferência de Proteção Planetária, na Califórnia, o veterano pesquisador de asteróides Clark Chapman chamou o episódio de "crise de nove horas".

Ele contou como a comunidade astronômica ficou sabendo que um asteróide foi descoberto pelos telescópios do sistema de pesquisa dos céus Linear, no Novo México. O Centro Planetário Minor, em Massachusetts, que esclarece este tipo de observação, colocou na internet detalhes pedindo a atenção de astrônomos. Um destes astrônomos notou algo diferente nestas informações.

A imagem do objeto ficaria cerca de 40 vezes mais brilhante no dia seguinte, um possível sinal de que o objeto estava se aproximando rapidamente. Mas com informações de apenas quatro centros de observação disponíveis, a incerteza era grande. Muitos objetos podem estar orbitando a Terra e a maioria deles não ameaça o planeta.

Para alguns astrônomos, a tensão aumentou quando Steven Chesley, pesquisador no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, analisou a informação disponível e enviou um email afirmando que havia 25% de chance de o asteróide atingir o hemisfério norte da Terra dentro de poucos dias.

Foi nesta ocasião que os astrônomos Clark Chapman e David Morrison, presidente do Grupo de Trabalho para Objetos Próximos da Terra dentro da União Internacional Astronômica, cogitaram ligar para George W. Bush.

Críticas
Muitos astrônomos afirmam que a ligação para o presidente dos Estados Unidos não seria uma decisão sábia. "Eles interpretaram a situação de uma forma completamente errada. Havia tempo o bastante para conseguir que outros observadores analisassem a situação", disse Benny Peiser, da Universidade de Astronomia John Moores, em Liverpool, Grã-Bretanha.

"Acho incrível que tal ação tenha sido cogitada com apenas quatro observações, não é o bastante. Não havia necessidade para pânico", disse Brian Marsden do Centro Planetário Minor. Felizmente para todos os envolvidos, logo após o email de Chesley, um astrônomo amador conseguiu se desviar das nuvens que cobriam o céu na época e tirou uma foto de uma área do céu sem objeto nenhum.

Se o 2004 AS1 realmente estivesse em rota de colisão com a Terra, o objeto apareceria até nas fotos de astrônomos amadores. Mas Chapman afirma que, se o tempo permanecesse nublado e mais nenhuma outra observação pudesse ter sido feita, ele teria dado o alerta.

Muitos astrônomos reconhecem que é preciso um maior planejamento e menos pânico se um caso como esse ocorrer de novo. Quanto ao 2004 AS1, constatou-se que era muito maior do que se imaginava, com 500 metros de largura, e passou a uma distância de 12 milhões de quilômetros da Terra, sem representar perigo para o planeta.

Fonte: http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI272386-EI302,00.html

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